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Reabilitação

Durante meu tratamento, encontrei mulheres que tiveram o câncer de mama onde foi necessário fazer esvaziamento axilar (como no meu caso) e que não fizeram qualquer processo de reabilitação/fisioterapia. E por motivos diversos reclamavam de alguma limitação dos movimentos.

Vi casos de mulheres que não tiveram uma orientação que enfatizasse a necessidade de fisioterapia, outras talvez cansadas de tantos médicos, consultas e querendo um pouco de paz depois de meses de tratamento tão agressivo optaram por não fazer. Minha dica é, se puder faça! É importante ter acompanhamento profissional para recuperar totalmente os movimentos.

O discurso tradicional de reabilitação referente ao esvaziamento axilar é bem conservador em relação a atividades com carga ou movimentos repetitivos. Ou seja, a maioria das mulheres imaginam que não poderão mais fazer algumas atividades e irão conviver com limitações. Isto por que uma parte do sistema linfático (localizado na axila e braço) é retirado, então, tanto a defesa quanto a transporte de líquidos do braço exigem cuidados especiais. O maior receio é o inchaço do braço (linfedema) que pode ocorrer com o excesso de líquido acumulado.

Mas este discurso vem mudando e novos estudos mostram que é possível sim fazer estas atividades – avaliando cada caso e através de acompanhamento médico e de fisioterapeuta para que o corpo recobre seus limites aos poucos. Tudo é uma questão de dar tempo ao seu novo corpo para que ele entenda a nova dinâmica. Não da pra fazer tudo de uma vez.

Foi através do meu amigo Fabio Paiva, multicampeão de canoagem e organizador de diversos eventos, que fiquei sabendo do projeto internacional muito interessante que se iniciou no Canadá com o dr. Donald Makenzie. Ele iniciou estudo com mulheres mastectomizadas onde a base da reabilitação aconteceu através da canoagem. Os resultados foram impressionantes, deste primeiro grupo de mulheres que praticaram a canoagem nenhuma delas teve o linfedema. Os estudos se avançaram até o ponto que hoje existe um grande evento com provas internacionais com mulheres  que tiveram câncer de mama (www.survivorsabreast.com). Em Santos o grupo Kaora, liderado pelo Fabio faz um trabalho incrível com mulheres remando canoas havaianas e dragon boat (embarcação para 20 remadoras) em parceria com o instituto Neomama.

Na raia da USP em São Paulo, também existe o projeto Remama onde mulheres praticam o remo buscando qualidade de vida, saúde, interação. E também participar da prova internacional iniciada no Canadá e que nos anos de 2016 e 2017 aconteceram no Brasil em outubro.

Então, se você acha que por ter feito o esvaziamento não pode mais carregar peso ou qualquer atividade com movimentos repetitivos, não acredite nisso e aposte na reabilitação.

Eu como atleta de canoagem desde o início a minha maior preocupação era com o fato de que eu queria voltar a minha atividade com a qualidade de sempre e se possível o mais rápido possível. (Sempre aquele senso de urgência…não aprendemos nunca!) Para se ter idéia, no meu pós cirúrgico eu não poderia fazer nenhuma atividade com carga então eu simplesmente desenvolvi com a minha terapeuta um “treino” onde eu remava em cima da cama. O objetivo era fazer com que meu corpo lembrasse o mais rápido possível da mecânica da canoagem…mas hoje entendo que aquilo era mais para minha mente do que para meu corpo.

O meu cenário poderia ser desolador…e eu ficava com aquela cara de pastel quando diziam: “Você vai fazer seu esporte, mas de uma maneira diferente” ou então pior: “Busque outras atividades é um novo momento” E eu pensava… Novo momento? Porra eu quero remar, surfar, quero tocar meu projeto SUPtravessias e não vou desistir do que eu mais amo fazer!!

Com as informações sobre o trabalho da canoagem na reabilitação de mulheres que fizeram o esvaziamento axilar me deu mais ânimo para pensar nos meus projetos, mas ainda sim não tinha muita ideia de como seria meu futuro no esporte…eu só sabia que iria remar, mas não sabia em que condições. Foi minha fisioterapeuta pós-cirurgia Fernanda Zambelli que me deu a luz mais forte que eu precisava ela disse: “Roberta, não é você que vai se adequar a esta nova condição e sim ela que vai se adequar ao seu estilo de vida” Isso mudou minha perspectiva sobre o que aconteceu comigo.

Bom, a partir daí iniciamos uma série de seções de fisioterapia. No começo coisas simples como lavar uma louça já deixava meu braço cansado…mas eu não desistia, fazia todos os exercícios que ela me passava  e aí um disse Fê, preciso remar de qualquer maneira, nem que seja sem carga alguma em cima da cama ou do sofá. O que vc acha? Claro que ela achou que eu era maluca, mas como ótima profissional adequou algumas remadas para que eu me sentisse feliz e que aos poucos sentisse que estava de volta ao remo. E como ela disse aos poucos meu corpo foi entendendo esta nova fase. Com um trabalho bem feito em pouco tempo estava com uma amplitude incrível fazendo todos os movimentos. Não colocamos carga durante o período da radioterapia e esta foi uma estratégia muito bem acertada no meu caso. Voltei a remar antes do que imaginava e a surfar muito antes do que eu nem tinha certeza de como seria.

O fato de ser atleta e ter uma boa consciência corporal me ajudou muito pra entender cada fase do processo pós operatório.

No hospital e a Fernanda me ensinaram a drenar meu braço todos os dias, então este procedimento de cerca de 5 a 10 min faz parte da minha rotina assim como escovar os dentes. No final do dia quando tenho atividades mais intensas também dreno e faço um pouco de massagem – o meu braço agradece.

Não uso tops ou sutiãs que apertam o meu corpo pois eles comprometem o fluxo interno do meu sistema linfático.

As auto-massagens que faço quase que diariamente e que são parte das condutas que aprendi com a ayurveda são meu grande trunfo para deixar meu corpo equilibrado e meu sistema fluido. Leia o capítulo “Ayurveda” se quiser mais detalhes.

Após a alta da primeira etapa da reabilitação parti para a segunda: fortalecimento e  volta aos treinos.

Neste momento foi a Fision Action que entrou na minha vida para fazer a diferença, pois pra quem acha que o trabalho termina após o fim do tratamento não é bem assim. A atividade física é uma recomendação médica, pois o Tamoxifeno, trás uma série de efeitos colaterias, como dores articulares e enrrigecimento muscular. O fato de ter feito o esvaziamento axilar também exige cuidados constantes, então contar com profissionais que entendam a complexidade do seu caso e a sua expectativa de atividade física faz toda a diferença. É com eles que conto até hoje!

 

O que fez a diferença pra mim:

– focar na reabilitação logo após a cirurgia

– drenar meu braço diariamente até hoje

– saber que não deixaria de remar por ter feito o esvaziamento axilar

– passar por cada etapa da volta ao esporte beeem lentamente, sem sobrecarregar meu braço

– saber que a canoagem é amplamente aplicada na reabilitação de mulheres que tiveram câncer de mama

– remar em cima da cama como parte da fisioterapia

– não forçar na fisio durante a radioterapia

– remar : )

 

Contatos

– Fernanda Alaite Zambelli

Fisioterapeuta especializada em pós operatório de câncer de mama

Tel.: (11) 2924-3402

Rua Adma Jafet, 74 conj 140 – Bela Vista SP

– FisioAction

Atendimento completo para reabilitação e manutenção da atividade física

Tel.: (11) 9883-18432

Rua Dr. Jesuíno Maciel, 685 – Campo Belo